Para muita gente, ter uma casa na praia é um sonho e um plano, daqueles que são sempre citados quando alguém pergunta, por exemplo, “O que você faria se ficasse milionário?”. O clima tropical brasileiro e seu vasto litoral alimenta – e muito – esse sonho, fazendo com que mais gente queira ter seu próprio cantinho à beira mar, para se livrar do estresse diário e ainda poder curtir um clima natural tão distante da agitação das grandes cidades. Quando esse sonho começa a tomar contornos de realidade, é importante atentar-se para alguns pontos essenciais, visto que uma construção em locais assim necessita de atenção especial, já que a maresia tem um alto poder corrosivo e de oxidação em estruturas de ferro e metal.
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Cuidados essenciais com a maresia
Se você está sonhando em construir uma casa na praia, pense duas vezes: em geral, construções no litoral precisam de diversos cuidados na hora de executar a obra, por causa da incidência da maresia, sem contar as várias questões legais pertinentes à territórios litorâneos. Confira alguns itens para ficar de olho na hora de adquirir seu imóvel
Adquirindo sua área na praia
A primeira regra de ouro é certificar-se que o território adquirido não é propriedade preservada. Não é um quesito necessariamente ligado a maresia, mas é algo muito comum haver irregularidades na situação de terrenos no litoral.Tomar posse ilegalmente de uma área de proteção ambiental, por exemplo, é crime previsto em lei. A maioria dos terrenos em praias não possuem escrituras. Daí a importância de se conhecer toda a documentação disponível a respeito do local.
Num segundo momento, é importante observar todos os riscos que a propriedade corre ao ser construída próxima ao mar. Isso envolve observar se a região possui infraestrutura, saneamento básico adequado, distribuição de energia elétrica e a proximidade da água (o que pode causar inundações). E quanto mais próxima a casa estiver do mar, maior serão os riscos de transtornos ocasionados pela maresia.
O que é maresia, e porque é ruim?
O mar libera uma espécie de vapor, praticamente imperceptível, e deposita essa “poeira salgada” sobre objetos, móveis e também materiais de construção. Janelas e portas também são “vítimas” fáceis da maresia. Escolher o material adequado para cada situação é o melhor a se fazer.
Ferro / aço
Entre os materiais que mais sofrem com a ação da maresia, encontra-se o ferro. Ele oxida e enferruja facilmente, perdendo com muita rapidez sua beleza e vida util. É possível observar esse fenômeno muito facilmente observando grades, postes e corrimões nas praias. Se a vida útil dos mesmos nas cidades é de 20 a 30 anos, expostos ao mar devem ser trocados a cada cinco. Economicamente falando, não é viável utilizar-se do material para residências muito próximas do mar. Se houver a possibilidade, o ferro deve ser trocado por outro tipo de matéria. No caso de pregos e parafusos, por exemplo, pode-se fazer a troca por aço inox ou latão.
Para se ter uma ideia, o recobrimento de concreto, isto é, a espessura de concreto que preenche a superfície de uma viga ou pilar em situações normais é de 2,5cm, mas em ambientes sujeitos a atuação da maresia, esse recobrimento tem que ser bem maior, afinal a corrosão nestes ambientes é bem maior. Os cloretos presentes na atmosfera desses locais penetram no concreto armado, chegando às barras de aço, que inicial o processo de oxidação. Elas acabam inchando por causa da ferrugem até romper com o cobrimento do concreto, o que acelera ainda mais o decaimento da estrutura.
Alvenaria e revestimentos
Os impactos na alvenaria não são muito altos. Isso acontece por que, geralmente, as construções são realizadas com blocos de cerâmica ou concreto. O cuidado deve-se concentrar então nos revestimentos. A umidade consegue penetrar através do concreto, num processo lento, que pode durar anos. Ela não o deforma, mas pode causar infiltração nos interiores, fazendo com que certos tipos de pisos e azulejos fiquem fragilizados e até se soltem. Uma ideia é investir em revestimentos de pedra para o chão e cerâmicas nas paredes, como as pastilhas, por exemplo.
Com relação à pintura das paredes, existem no mercado ótimos produtos que oferecem resistência a áreas com influencia da maresia. Ainda assim, recomenda-se que a tinta seja aplicada com certa frequência, a cada dois anos, no máximo, para manter a cor viva e a beleza do ambiente.
Portas e janelas
O material mais indicado na hora de escolher portas e janelas é o PVC. Mas a madeira e o alumínio também são opções possíveis. Esses materiais resistem bem à ação litorânea.
Na hora de projetar a construção, a localização de cada porta e janela deve ser calculada levando em consideração a incidência de raios solares, calculando o tempo de exposição diária, afinal a praia é um ambiente que, por não haver ninguém morando a maior parte do ano, a manutenção acaba sendo menor também.. Com esses dados em mãos fica mais fácil escolher o material certo.
Madeira
As paredes de madeira podem ser tratadas com verniz de madeira específico para exteriores, com filtro solar e com alta resistência à maresia. Porém, se a peça ficar excessivamente exposta ao sol (que aquece o sal depositado na peça pela maresia, acelerando o processo), é importante repintá-la anualmente. Móveis de jardim e portões de madeira, por exemplo, são muito afetados. A melhor opção é escolher madeiras resistentes e rígidas, como o Ipê brasileiro, a Maçaranduba e a Teca, que por sua resistência é utilizada na produção de bancos e praças (que ficam expostos o tempo inteiro) e até mesmo na construção de barcos e navios. Essa regra também vale na hora de escolher o madeiramento para a cobertura e telhado.
Móveis
Para proteger os móveis, indica-se aplicação de lustra-móveis e óleo de peroba. É importante que a limpeza dos móveis seja feita com frequência para evitar o acumulo da salinidade da maresia sobre essas superfícies.
No caso de poltronas e sofás, indica-se que o tecido seja poliéster, por sua resistência a umidade.
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